segunda-feira, junho 20, 2005

Webjornalismo

A Sociedade de Informação possibilitada pela Internet, impõe novos desafios e deveres aos profissionais da informação. Jornalismo Digital, Jornalismo Multimédia, Jornalismo Electrónico, Ciberjornalismo e Webjornalismo são alguns dos nomes com que se tenta reformular o conceito, o ofício e a profissão de jornalista. O aparecimento da Internet propiciou na década de noventa uma revolução tecnológica que está a modificar por completo os processos de acesso, elaboração e difusão da informação. O êxito mundial da internet supõe neste sentido o principal factor de mudança para o futuro das profissões da comunicação e em particular do jornalismo.

O Webjornalismo é exemplo vivo de como a internet potenciou um “produto inovador”, concentrado, quase que um 4 e m 1, senão mais. Veio de certa forma pôr termo à passividade constante a que o receptor – sociedade de consumo mediático – a que os media tradicionais “obrigaram” e mantiveram ao longo de décadas. Escrita, imagem, vídeo, som, todos com a particularidade de interagirem directamente com o receptor, como, quando e onde ele quiser. Tudo isto, pelo facto de um “super-meio” servir de suporte basilar e como ferramenta de publicação, a internet. Ou seja a web – palavra primitiva que dá significado ao termo webjornalismo, jornalismo na web – é uma ferramenta para o desenvolvimento das actividades jornalísticas habituais, um novo suporte e um novo canal. No webjornalismo a notícia é um media que aglomera: áudio, vídeo, texto e imagens. A internet tem o imediatismo da rádio, a profundidade de conteúdos da imprensa escrita e o impacto da imagem televisiva. Segundo alguns teóricos conceituados, *“além de todas as potencialidades equiparadas aos media tradicionais, são ainda de salientar as importantes condições e facilidades de publicação de conteúdos na rede, pois convertem qualquer utilizador num informador potencial. Todos têm um espaço na rede que podem utilizar para publicar o que quiserem, o que potencia um aumento exponencial da informação e uma explosão dos informantes.”

*Ramón Salaverría
Laboratório de Comunicação Multimédia da Universidade de Navarra

A linguagem utilizada no webjornalismo tanto pode ser verbal – oral e escrita – como não verbal. Até aqui parece não haver distinção de outros meios jornalísticos como é o televisivo, no entanto há uma diferença fundamental: a possibilidade de uso de hiperligações e a participação do leitor na elaboração da notícia. Este conjunto de elementos verbais e não verbais – o "texto inteligente" –, permite que a notícia adquira o formato de uma espiral. Embora haja um afastamento claro daquela que é uma técnica fundamental do jornalismo escrito – a técnica da pirâmide invertida, – o hipertexto faz com que só dependa apenas do leitor, que a notícia possa continuar a responder continuamente às suas expectativas, sendo que a cada momento na paragem da leitura encontraremos um leitor para quem a qualidade óptima foi atingida. O que, de certa forma, vai de encontro ao ideal de textualidade como um texto composto por blocos de palavras (ou de imagens) unidos electronicamente em múltiplos trajectos e conjunções infinitas multilineares. Só o facto de à distância de um clique podermos aceder a centenas e milhares de documentos e páginas constitui uma mais valia prodigiosa face aos media tradicionais e limitados. Sendo ainda possível multiplicar a liberdade pelo múltiplo conteúdo e obter conhecimento infinito. São estas capacidades peculiares deste meio que potenciam, a, cada vez mais, inegável evolução da internet e do webjornalismo no que concerne ao meio e à sua especificidade. Quanto à sustentabilidade do webjornalismo, esta é ainda muito pouco baseada em publicidade. O mercado (anunciantes) parece ainda não ter descoberto o potencial que a internet pode oferecer aos meios publicitários, o que impossibilita o meio de se auto-sustentar. É obrigatóriamente necessário o recurso a financiamentos por parte dos grupos dos media que detêm os webjornais - na maioria -, para que auxiliem este meio até que esta situação de impasse se "resolva", sendo que, a estabilidade financeira será certamente o caminho para um jornalismo de qualidade.

Sendo o webjornalista (conceito) condição sinequanone para o webjornalismo e para a sua evolução como novo meio – credível e responsável – a coexistência de ambos, parece ser indispensável. Uma adaptação mais rápida e complementada de conhecimento - “formação, formação e mais formação” - aplicada a novas técnicas por parte do webjornalista é necessária face a um manifesto avanço da internet e de novas tecnologias, que fazem deste meio em constante evolução e mutação o meio paralelo à actualidade, quer no conteúdo – notícia actualíssima – que disponibiliza ao público-alvo, quer no que ao próprio meio – a web – diz respeito – (evolução técnica). Ou seja, um passo na inovação terá que representar um passo e dez polegadas para o novo jornalista, para que os avanços tecnológicos não esperem que os alcancem, mas sim que o jornalista espere ou procure o que já pressente fazer-lhe falta. O que parece não estar a acontecer com este salto astronómico da internet face ao meio e aos seus intervenientes. Digamos que talvez tenha havido uma ultrapassagem clara e à qual não reagimos tão breve quanto devêssemos. Como tal emerge a necessidade aproveitar esta fase menos cavalgante da internet para nos posicionarmos (jornalistas) para novos desafios, que a qualquer momento “a pistola pode disparar e corrermos o risco de a partida ser falsa, e nesse caso voltarmos a ser ultrapassados”.

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