sexta-feira, junho 25, 2010

quarta-feira, agosto 19, 2009

"Mais" uma ameaça ao jornal de papel Innovation of Newspaper


Consideremos o velho ditado:

"tantas vezes o "cantaro" vai à fonte, que um dia lá fica a asa"

As ameaças ao jornal de papel persistem! Diria mesmo que não tarda e de um clic mágico nascerá o "gadjet" ideal, prático, tecnológicamente perfeito, ecológico e que porá à prova o mais ceptico dos especialistas e o mais tradicionalista dos leitores.
Até agora as tentativas têm sido multiplas e parece que nenhuma persiste e vem para ficar. Talvez estejamos mais exigentes e perfeccionistas.
Apesar de tudo, hoje encontrei "mais" uma ideia brilhante para partilhar. É o Innovation of Newspaper (Video)

domingo, novembro 04, 2007

DAB - Digital Audio Broadcasting

Escreverei nos próximos dias sobre DAB

A Rádio do futuro. Em Português e Italiano.

Até breve.

Rui Dias

segunda-feira, junho 20, 2005

Webjornalismo

A Sociedade de Informação possibilitada pela Internet, impõe novos desafios e deveres aos profissionais da informação. Jornalismo Digital, Jornalismo Multimédia, Jornalismo Electrónico, Ciberjornalismo e Webjornalismo são alguns dos nomes com que se tenta reformular o conceito, o ofício e a profissão de jornalista. O aparecimento da Internet propiciou na década de noventa uma revolução tecnológica que está a modificar por completo os processos de acesso, elaboração e difusão da informação. O êxito mundial da internet supõe neste sentido o principal factor de mudança para o futuro das profissões da comunicação e em particular do jornalismo.

O Webjornalismo é exemplo vivo de como a internet potenciou um “produto inovador”, concentrado, quase que um 4 e m 1, senão mais. Veio de certa forma pôr termo à passividade constante a que o receptor – sociedade de consumo mediático – a que os media tradicionais “obrigaram” e mantiveram ao longo de décadas. Escrita, imagem, vídeo, som, todos com a particularidade de interagirem directamente com o receptor, como, quando e onde ele quiser. Tudo isto, pelo facto de um “super-meio” servir de suporte basilar e como ferramenta de publicação, a internet. Ou seja a web – palavra primitiva que dá significado ao termo webjornalismo, jornalismo na web – é uma ferramenta para o desenvolvimento das actividades jornalísticas habituais, um novo suporte e um novo canal. No webjornalismo a notícia é um media que aglomera: áudio, vídeo, texto e imagens. A internet tem o imediatismo da rádio, a profundidade de conteúdos da imprensa escrita e o impacto da imagem televisiva. Segundo alguns teóricos conceituados, *“além de todas as potencialidades equiparadas aos media tradicionais, são ainda de salientar as importantes condições e facilidades de publicação de conteúdos na rede, pois convertem qualquer utilizador num informador potencial. Todos têm um espaço na rede que podem utilizar para publicar o que quiserem, o que potencia um aumento exponencial da informação e uma explosão dos informantes.”

*Ramón Salaverría
Laboratório de Comunicação Multimédia da Universidade de Navarra

A linguagem utilizada no webjornalismo tanto pode ser verbal – oral e escrita – como não verbal. Até aqui parece não haver distinção de outros meios jornalísticos como é o televisivo, no entanto há uma diferença fundamental: a possibilidade de uso de hiperligações e a participação do leitor na elaboração da notícia. Este conjunto de elementos verbais e não verbais – o "texto inteligente" –, permite que a notícia adquira o formato de uma espiral. Embora haja um afastamento claro daquela que é uma técnica fundamental do jornalismo escrito – a técnica da pirâmide invertida, – o hipertexto faz com que só dependa apenas do leitor, que a notícia possa continuar a responder continuamente às suas expectativas, sendo que a cada momento na paragem da leitura encontraremos um leitor para quem a qualidade óptima foi atingida. O que, de certa forma, vai de encontro ao ideal de textualidade como um texto composto por blocos de palavras (ou de imagens) unidos electronicamente em múltiplos trajectos e conjunções infinitas multilineares. Só o facto de à distância de um clique podermos aceder a centenas e milhares de documentos e páginas constitui uma mais valia prodigiosa face aos media tradicionais e limitados. Sendo ainda possível multiplicar a liberdade pelo múltiplo conteúdo e obter conhecimento infinito. São estas capacidades peculiares deste meio que potenciam, a, cada vez mais, inegável evolução da internet e do webjornalismo no que concerne ao meio e à sua especificidade. Quanto à sustentabilidade do webjornalismo, esta é ainda muito pouco baseada em publicidade. O mercado (anunciantes) parece ainda não ter descoberto o potencial que a internet pode oferecer aos meios publicitários, o que impossibilita o meio de se auto-sustentar. É obrigatóriamente necessário o recurso a financiamentos por parte dos grupos dos media que detêm os webjornais - na maioria -, para que auxiliem este meio até que esta situação de impasse se "resolva", sendo que, a estabilidade financeira será certamente o caminho para um jornalismo de qualidade.

Sendo o webjornalista (conceito) condição sinequanone para o webjornalismo e para a sua evolução como novo meio – credível e responsável – a coexistência de ambos, parece ser indispensável. Uma adaptação mais rápida e complementada de conhecimento - “formação, formação e mais formação” - aplicada a novas técnicas por parte do webjornalista é necessária face a um manifesto avanço da internet e de novas tecnologias, que fazem deste meio em constante evolução e mutação o meio paralelo à actualidade, quer no conteúdo – notícia actualíssima – que disponibiliza ao público-alvo, quer no que ao próprio meio – a web – diz respeito – (evolução técnica). Ou seja, um passo na inovação terá que representar um passo e dez polegadas para o novo jornalista, para que os avanços tecnológicos não esperem que os alcancem, mas sim que o jornalista espere ou procure o que já pressente fazer-lhe falta. O que parece não estar a acontecer com este salto astronómico da internet face ao meio e aos seus intervenientes. Digamos que talvez tenha havido uma ultrapassagem clara e à qual não reagimos tão breve quanto devêssemos. Como tal emerge a necessidade aproveitar esta fase menos cavalgante da internet para nos posicionarmos (jornalistas) para novos desafios, que a qualquer momento “a pistola pode disparar e corrermos o risco de a partida ser falsa, e nesse caso voltarmos a ser ultrapassados”.

sexta-feira, maio 27, 2005

“NEXT GENERATION RADIO”

Experiência pioneira – Podcasting/Audioblogues


A “família dos media digital” parece estar a multiplicar-se. Há quatro anos, os blogues pareciam ser apenas mais uma aplicação informática condenada a um sucesso transitório. Hoje são aos milhões em todo o mundo e já provaram que vieram para ficar.
O familiar mais próximo, o podcasting, já mexe opiniões e os mais curiosos não perdem tempo. Mas afinal o que é o podcasting? Resumindo, o podcasting é a distribuição livre de ficheiros áudio, através da Internet ou directamente de aparelho para aparelho. Um desses aparelhos – um dos mais comuns – é o “iPod” da empresa Apple, que já tem mais de 10 milhões vendidos nos EUA. No entanto o conceito já não é só aplicado ao “iPod”, pois outros aparelhos, como computadores e alguns telemóveis, também permitem o podcasting.


Cada “ouvinte” pode criar e editar os seus programas de rádio em casa, misturando músicas e sons, fazendo entrevistas, discursos, e difundi-los. Para já os conteúdos surgirão maioritariamente dos média, tais como jornais televisões e rádios, com a particularidade de este tipo de ficheiros – podcasts – serem disponibilizados por RSS recebendo assim, temática e automaticamente os programas que lhes interessam sem terem de perder tempo a procura-los. Estes ficheiros, após serem recebidos pelos podcasters podem ser ouvidos ou mesmo trabalhados.


Sinais claros encaminham a rádio para novos horizontes. Com o podcasting a rádio pode transformar-se, e mudar a maneira como a encaramos. A adaptação dos conteúdos ao gosto de grupos especializados, a interactividade, a comunicação contínua e directa com a audiência tende a ser uma realidade no futuro próximo. Ao mesmo tempo, os mesmos ouvintes serão os que dominarão os conteúdos chegando a configurar a sua própria programação.
No entanto, podemos afirmar que enfrentamos um conceito radicalmente distinto de rádio. A modificação da essência do meio levará à transformação das próprias características que hoje reconhecemos como elementos distintivos da rádio.

A TSF passou no dia 11 às 07h40 um trabalho sobre esta temática, da autoria de João Paulo Meneses, e que se encontra em suporte áudio e escrito.
Mais comentários no Observatório da Imprensa.

quinta-feira, maio 19, 2005

Webjornalismo


Considerações e Autocrítica

Após ter redigido esta notícia, constatei que o mais fácil seria ter optado por um texto curto e com algumas hiperligações a outras fontes noticiosas dando ao próprio leitor a possibilidade de explorar a notícia (webjornalismo). Por outro lado, para o leitor que não tem conhecimento algum dos factos e está a ler pela primeira vez a notícia, - embora com hiperligações - esta forma descritiva e pormenorizada dos acontecimentos será a melhor forma de o leitor poder compreender a totalidade do caso, e posteriormente fazer a sua própria pesquisa.

"CASO PORTUCALE"


ABATE DE SOBREIROS NO ALENTEJO
DESENCADEIA INVESTIGAÇÃO A TRÁFICO DE INFLUÊNCIAS

Os sobreiros da Herdade da Vargem Fresca começaram a ser abatidos. A situação despertou o interesse nacional e duma suspeita de tráfico de influências saltou-se da opinião pública para uma mega investigação à corrupção, da qual parecem ter despontado algumas ilicitudes.

O caso arrasta-se há mais de dez anos. A Portucale – Sociedade de Desenvolvimento Agro-Turístico, propriedade da Espírito Santo Resources, sub-holding do Grupo Espírito Santo, procura desde 1991 construir na Herdade da Vargem Fresca, em Benavente, no Alentejo, um empreendimento turístico. Os terrenos eram públicos e foram adquiridos pela própria Portucale à Companhia das Lezírias que no início do processo aparecia como accionista da Portucale. Em 1993, os terrenos foram para a posse exclusiva de privados, cujos contornos foram depois averiguados pela Inspecção-Geral de Finanças, que considerou a alienação desfavorável para os interesses e património da Companhia das Lezírias que passou a não ter qualquer controle. Refira-se que a Companhia das Lezírias é a maior empresa agrícola do País, uma das maiores da Europa, e que dá lucro desde 1996. Foi nacionalizada em 1975, e os seus 22 mil hectares de terreno – 12 mil dos quais, integrados na Rede Natura 2000 – sempre foram alvo de cobiça.

Para implantar o empreendimento turístico, que incluía mais de 200 lotes para moradias, dois hotéis, dois campos de golfe, um centro hípico, uma barragem e um campo de tiro num terreno com cerca de 510 hectares, era preciso cortar uma quantidade significativa de sobreiros. Sendo o sobreiro uma árvore protegida por lei (decreto-lei 169/2000), só podia ser abatida em circunstâncias excepcionais de interesse público, como a construção de estradas, barragens, escolas, hospitais, razões fitossanitárias, melhoria dos povoamentos ou com fins exclusivamente agrícolas. O corte ou arranque de sobreiros, tanto em povoamento como isolados, tem de ser alvo de autorização das entidades governamentais responsáveis pela gestão das florestas e do ambiente e depende da apresentação de uma declaração de imprescindível utilidade pública ou de relevante e sustentável interesse para a economia local.
O empreendimento foi iniciado, mas esbarrou na falta de autorização para o corte das árvores. Em 1994, a Portucale pediu autorização para o abate de 4 000 sobreiros na Herdade da Vargem Fresca, para instalar dois campos de golfe. O pedido foi indeferido pelo então Instituto Florestal, mas viabilizado pelo ministro da Agricultura Duarte Silva, ao abrigo de uma alteração legislativa feita nos derradeiros dias do governo de Cavaco Silva, que deu luz verde ao abate. Poucos meses depois, com o XV Governo Constitucional (Socialista) já empossado, alegando falta de fundamentação e deficiências processuais, quer a autorização para o corte, quer a declaração de utilidade pública do empreendimento foram revogadas pelo novo titular da pasta da Agricultura, Gomes da Silva, quando uma parte dos sobreiros já havia sido cortada. Para que o abate fosse autorizado, seria necessário declarar a "imprescindível utilidade pública" do empreendimento. Foi o que alegadamente aconteceu no dia 16 de Fevereiro deste ano, nos últimos dias do XVI Governo Constitucional (Social Democrata) – a quatro dias das eleições – beneficiando a pretensão da empresa Portucale pertencente à Espírito Santo Resources, sub-holding do Grupo Espírito Santo (GES). Os ministros Costa Neves, do PSD, Telmo Correia e Luís Nobre Guedes, do CDS-PP) através de um despacho normativo deram luz verde para a autorização do abate de 2605 sobreiros. O abate iniciou-se imediatamente, e no dia 11 de Março, a Quercus interpôs no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria uma providência cautelar com carácter de urgência para suspender a sua eficácia, tendo o tribunal no dia seguinte, ordenado a suspensão do abate. Nessa altura já cerca de 900 sobreiros tinham sido abatidos, (774 árvores adultas e 180 jovens). No dia 23 de Março, o ministro da Agricultura, Jaime Silva, emite um despacho onde proíbe mesmo o corte de sobreiros na Herdade da Vargem Fresca, justificando a proibição como sendo uma "garantia à protecção das formações florestais de especial importância ecológica, nomeadamente os montados de sobro", ordenando ainda à Direcção-Geral dos Recursos Florestais o imediato levantamento dos cortes já efectuados naquela Herdade. Após o levantamento, em 28 de Março, um despacho conjunto dos ministros do Ambiente, Francisco Nunes Correia, da Economia, Manuel Pinho, e da Agricultura, Jaime Silva, – do actual Governo – emitem um despacho conjunto que revoga – decisão do anterior Governo de maioria PSD/CDS-PP – a autorização de abate de sobreiros na Herdade da Vargem Fresca, por esta não fundamentar devidamente o imprescindível interesse público do empreendimento e pela ausência da declaração de impacte ambiental necessária para o projecto em causa.

Após toda a controvérsia, o caso despertou o interesse nacional e das autoridades de investigação em geral, que já apuraram e indiciaram alguns decisores e intervenientes no processo como suspeitos de tráfico de influências. Nobre Guedes e três elementos ligados ao Grupo Espírito Santo foram constituídos arguidos por indícios de tráfico de influências, tal como Abel Pinheiro, tesoureiro do CDS-PP durante os sete anos de presidência de Paulo Portas. A operação envolveu buscas aos escritórios de Nobre Guedes, Abel Pinheiro e em três locais em instalações do Grupo Espírito Santo (Avenida da Liberdade, Rua Vale do Pereiro e na zona das Amoreiras), cujos administradores (Luís Horta e Costa, Carlos Calvário e José Manuel Sousa) são os respectivos arguidos do Grupo Espírito Santo. As diligências envolveram também a apreensão de documentação bancária. A polícia encontrou ainda nas instalações da ESCOM – Empresa do Grupo Espírito Santo – uma minuta do despacho assinado por Telmo Correia, Nobre Guedes e Costa Neves, que viabilizou o abate dos sobreiros com vista à construção do já referido empreendimento turístico em Benavente. Abel Pinheiro foi o único arguido detido na acção desencadeada no início da semana passada pelo Departamento Central de Investigação e de Acção Penal, com a colaboração da Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF) da Polícia Judiciária, formadas por 5 juízes e 5 procuradores. Interrogado durante mais de sete horas, no Tribunal Central de Instrução Criminal da Boa-Hora, saiu em liberdade mediante o pagamento de uma caução no valor de cento e cinquenta mil euros.

A importância desta descoberta para o caso Portucale pode ser muito grande. Segundo se consta, o aparecimento da minuta vai aumentar as suspeitas de que a decisão dos três ex-ministros terá sido negociada fora do Ministério do Ambiente, alegadamente por Abel Pinheiro e que as alegadas práticas de tráfico de influências na aprovação do empreendimento poderão estar relacionadas com o financiamento da campanha eleitoral do CDS, na altura dirigido por Paulo Portas, então líder do CDS/PP. Segundo a imprensa, o despacho que viabilizou o abate foi assinado já depois das eleições de 20 de Fevereiro, em que os partidos da coligação governamental foram derrotados, e não antes, como consta da data oficial (16 de Fevereiro). Há ainda relatos que Luís Nobre Guedes, então ministro do Ambiente do governo de gestão, foi o primeiro a assinar, mas só na semana a seguir às legislativas apelou a Costa Neves, ministro da Agricultura, e a Telmo Correia, ministro do Turismo, para subscreverem com urgência o documento. A contradição das datas foi um alerta e uma das razões que levaram o actual ministro da Agricultura, Jaime Silva, a revogar o despacho.

Estes dados foram detectados também pela Polícia Judiciária através das escutas telefónicas iniciadas em Fevereiro. Por isso, Telmo Correia e Costa Neves não foram constituídos arguidos e serão chamados como testemunhas. No âmbito do inquérito-crime que investiga as ligações entre o CDS e o Grupo Espírito Santo, a Polícia Judiciária registou mais de cinco mil telefonemas do empresário Abel Pinheiro, ex-responsável das finanças do CDS. Entre os interlocutores estão vários ministros de ambos os partidos do anterior Governo, como Bagão Félix e António Mexia, sendo um dos pontos mais polémicos desta investigação o empréstimo de um milhão de euros contraído pelo CDS junto do Banco Espírito Santo, para financiar a última campanha eleitoral.
A Espírito Santo Resources, sub-holding do Grupo Espírito Santo proprietária da Portucale, nega qualquer envolvimento no alegado caso de tráfego de influências relacionado com a autorização dado à Portucale para a construção do empreendimento turístico em Benavente, e acrescenta que tem regido as suas actividades no sector do turismo pelo estrito respeito pelas regras de preservação da natureza e do ambiente e que a proposta de reafectação do terreno está de acordo com a actual política nacional e comunitária de diversificação do desenvolvimento rural e promoção do turismo de interior.

O Trafico de Influências constitui uma ameaça para o Estado de direito, à democracia e aos direitos do homem, mina os princípios de boa administração, de equidade e de justiça social, falseia a concorrência, entrava o desenvolvimento económico e faz perigar à estabilidade das instituições democráticas e os fundamentos morais da sociedade.

As investigações e os factos até agora confirmados levam a constatar que o acto normativo praticado pelos três ministros do Governo não foi um acto livre, foi um acto elaborado, feito com negociações prévias com os interessados. Sendo que, não explicando a sua urgência – a quatro dias das eleições para novo Governo – o despacho é ilegal. As hipóteses deste caso configurar outros crimes são elevadas, como o de corrupção, se se vier a demonstrar que houve vantagem patrimonial para os envolvidos. Em termos jurídicos, o tráfico de influências não se aplica aos influenciados que, eventualmente, poderão ser responsabilizados por outros crimes.

quarta-feira, maio 11, 2005

Os Media on-line

Uma nova forma de fazer jornalismo proveniente da utilização das novas tecnologias surge e revoluciona os media tradicionais que inevitavelmente são obrigados a uma adaptação “forçada” a novos e diferentes formatos jornalísticos. Novos métodos, meios e dispositivos comunicacionais emergentes, impõem novas adaptações ao jornalismo, nomeadamente o webjornalismo.

Após ter realizado uma visita aos sites dos mais conceituados media nacionais e feito uma análise de conteúdos e aspectos, quer gráficos, de interactividade ou de qualidade, tendo em conta a especificidade característica de cada um, encontrei grandes diferenças e aspectos que vale a pena salientar.

Relativamente à imprensa escrita (on-line), o jornal diário Público é sem duvida o diário mais completo em conteúdos, sendo também bastante atractivo graficamente. Relativamente ao Jornal de Notícias e ao Diário de Notícias, figuram-se bastante simétricos quanto ao grafismo das páginas, nitidamente paupérrimo, talvez por limitação de formatos do portal Sapo-Lusomundo, não oferecendo nada de atractivo aos seus leitores. De resto, encontramos algumas notícias síntese de última hora, sendo maioritariamente os seus conteúdos preenchidos com artigos da edição impressa através de simples “up-loads” para a edição on-line. O Correio da Manhã mantém igualmente uma pobre apresentação gráfica, com uma particularidade em relação aos conteúdos, que além das habituais notícias, dá mais destaques a notícias “cor-de-rosa”. O Comercio do Porto, parece-me um diário tendencialmente voltado para o norte (cidade do Porto), fazendo também algum destaque aos temas nacionais.

Os inquéritos e temas de destaque centrados no debate e esclarecimento, são característicos e comuns a uma quase totalidade dos jornais – quer diários, quer semanários – que tentam interagir com o leitor, mas que ficam muito aquém do que poderia ser feito, dada a vasta multiplicidade de formas que poderiam ser adaptadas a este formato jornalístico como meio interactivo que se prevê imprescindível para qualquer media de hoje. O horóscopo, classificados, “pequenos” espaços de opinião do leitor, programações culturais e televisivas parecem ser tomadas como estratégias unânimes a quase todas as edições on-line dos jornais.

Quanto às rádios, a TSF parece a edição de rádio on-line com maior eficiência pela sua qualidade, disponibilidade interactiva e com notícias mais actualizadas, algumas com suporte áudio on-line. A RR e a Antena1, as suas concorrentes mais directas não ambicionam muito pela disputa nesta vertente, sendo muito similares quanto aos seus conteúdos e estratégias. Todas disponibilizam a emissão on-line como mais-valia, isenta de acréscimo de esforço para enriquecimento do site por parte das mesmas.

As televisões contêm maioritariamente a sua programação e destaque aos temas noticiosos da actualidade sendo a RTP e a SIC on-line as grandes vencedoras relativamente à directa concorrente TVI, que dá prioridade à promoção dos seus programas, sendo o seu aspecto gráfico alusivo a programas como telenovelas e Quinta das Celebridades – autênticos angariadores de audiências – com muita publicidade e “pop-ups” à mistura. A RTP salienta-se pelo seu aspecto gráfico mais atraente e a sua função de serviço público a evitar o seu lado mais comercial, ficando a perder a SIConline pela sua pobre apresentação gráfica.
Os desportivos – O Jogo, A Bola e o Record – mantêm a sua estratégia direccionada aos aficionados do desporto sendo o seu mais directo adversário o site Mais Futebol.

Os Jornais ditos “puros on-line” (nasceram e vivem exclusivamente on-line), esses marcam a diferença na diversidade e na ampla abordagem, no grafismo melhorado. Ainda que com nota suficiente entre muitos concorrentes, estes teriam uma obrigação acrescida, pelo menos superior atractiva, gráfica e interactivamente dado o meio, a altura e o suporte em que cresceram.

Conclusivamente, apercebemo-nos que as potencialidades dos media on-line não estão suficientemente exploradas, parecendo que tudo avança a passos lentos. Expectantes e se possível até intervenientes deste processo de desenvolvimento dos nossos media, aguardemos o assalto a degraus superiores, certos também de que o grau de exigência do consumidor deste tipo de conteúdos contribuirá activamente para o factor de estagnação ou de lenta evolução não se mantenha.